O primeiro terráqueo a deixar o nosso planeta apenas por ter uma conta bancária recheada é Richard Branson, bilionário fundador da Virgin Galactic. A empresa de turismo espacial realizou com sucesso na manhã deste domingo (11) o voo ao espaço que levava a bordo o seu fundador.
O feito altera a lógica de quem podia visitar o espaço sideral: até aqui, este era um ambiente exclusivo de pesquisadores e pilotos de avião, quase sempre financiados por dinheiro público. Com o voo, a Virgin abre as portas para o turismo espacial privado, no qual qualquer pessoa precisa apenas desembolsar (muito) dinheiro para uma empresa para visitar por alguns minutos os limites da Terra.
A nave Unity tocou a Terra por volta das 12h40 com segurança – cerca de uma hora após a decolagem. O avião chamado White Knight Two, carregando a nave Unity, partiu com 1h40 de atraso da previsão inicial. Inicialmente, o voo tripulado da Virgin Galactic estava marcado para as 10h (horário de Brasília), mas foi empurrado para às 11h30 – posteriormente, a decolagem sofreu mais dez minutos de atraso. O primeiro atraso aconteceu por condições climáticas durante a madrugada.
Por volta do meio dia, o White Knight Two já havia atingido 40 mil pés de altitude (12 km). Às 12h26, a Unity se desprendeu do White Knight Two e em 60 segundos quebrou a barreira da velocidade do som. Por volta das 12h30, a viagem atingiu altitude máxima e iniciou o processo de retorno – a Unity funciona como um planador neste retorno. Às 12h40, todos retornaram com segurança.
O foguete foi levado sob o avião a uma altitude de 15 mil metros, antes de se desprender – esta parte do voo durou cerca de 40 minutos. Então, o motor do Unity foi acionado, levando a espaçonave para uma subida em velocidade supersônica a altitudes superiores a 80,5 mil metros. No topo do arco da trajetória, os passageiros flutuaram por cerca de 4 minutos, antes de o avião espacial reentrar na atmosfera. Na transmissão oficial, foi possível observar Branson experimentando a microgravidade.
A SpaceShipTwo pode levar dois pilotos e até seis passageiros. A cabine possui 12 grandes janelas e nada menos que 16 câmeras. No voo deste domingo, dois pilotos e outros três passageiros, além de Branson, todos funcionários da Virgin, estavam à bordo.
Antes do voo deste domingo, a VSS Unity tinha ido três vezes para o espaço em 2018 e 2019 saindo da Califórnia e do Novo México. Em 2019, levou como passageiro um empregado da empresa. O último teste da Virgin Galactic aconteceu em maio deste ano. O resultado animou a empresa, que optou por fazer um voo tripulado com seu fundador.
– Quem seria melhor do que Richard Branson para testar a experiência completa na cabine? – questionou ao jornal The New York Times Aleanna Crane, vice-presidente de comunicações da Virgin Galactic.
Já Branson brincou.
– O mínimo que o fundador da empresa pode fazer é voar com seus funcionários – disse ao canal CNN.