Em desabafo publicado no Instagram, o cantor Rodolfo Abrantes e sua esposa, Alexandra Abrantes, denunciaram terem sido alvos de abuso e opressão na Igreja Bola de Neve em Balneário Camboriú, Santa Catarina. O casal, que deixou a congregação há 13 anos, decidiu se pronunciar esta semana após os pastores da instituição serem acusados de desvios de dízimo.
– Já fazem 13 anos que nos desligamos desse ministério. Em razão de não ter anunciado à época a nossa saída, muitas pessoas, principalmente na nossa cidade, ainda acham que estamos lá. Eu e minha esposa, Alexandra Abrantes, não temos conhecimento, nem compactuamos de absolutamente nada que tenha sido feito por meio da liderança desde 2011, quando saímos – iniciou Rodolfo, que é ex-vocalista da banda de rock Raimundos.
Na sequência, o compositor relatou que sua esposa foi ofendida e que ele foi acusado de uma dívida que não procedia.
– Só posso falar do vivemos e sofremos através de um sistema, infelizmente, abusivo e opressor. Minha tentativa de ser discreto pra não fazer mais barulho não foi recíproca. Fomos cancelados por pastores que tínhamos como amigos, minhas músicas proibidas de tocar em cultos, minha esposa foi chamada de Jezabel pra baixo, fui acusado de uma dívida com o selo musical da igreja (o que através de uma prestação de contas foi comprovado que eu não devia nada), tudo isso, talvez com o intuito de se preservar e manter esse sistema funcionando – acrescentou.
Rodolfo explicou ter decidido romper com o silêncio nesta quarta-feira (22) após a situação se tornar “insustentável diante dos escândalos que vieram à tona nos últimos dias”. O evangelista frisou, porém, que não cabe a ele julgar esse assunto.
– Não fazemos mais parte, como membro, desse ministério, nunca fui parte da folha de pagamento, não sou fundador [como alguns pensam], e nunca fui pastor de lá. O pior é o peso que ainda sentimos, as feridas e traumas que demoram demais pra curar e ainda doem. Fico muito triste com tudo que está acontecendo, pois, mais uma vez, homens em nome de Jesus O representam mal. Oro pelas pessoas que de alguma forma foram feridas, para que elas guardem a fé. Também peço perdão àqueles que de alguma forma possam ter sido influenciados por mim, diretamente ou indiretamente, a se submeter a uma liderança como essa – assinalou.
Por fim, ele destacou que sua família continuou firme em Cristo apesar das dificuldades e que foi amparada por irmãos em Cristo “de verdade”. Ele pediu que as pessoas não culpem Deus pela falha de homens, pontuando que o Criador permanece Perfeito.
Alexandra Abrantes já havia se posicionado no último domingo (19), relatando “manipulações” sofridas na instituição, por meio de comentário nas redes sociais. Ela ainda descreveu a líder da igreja em questão como “pastora só por título, pois nunca cuidou de ninguém a não ser de si mesma”.
– Que vergonha dessa Bola de Neve. Queria poder mencionar o @, mas estou bloqueada. Talvez esteja bloqueada para não expor (mais ainda) os abusos e manipulações que sofri quando era “membra”. Se tem uma coisa que eu me arrependo nesta vida, foi ter sido parte da Bola de Neve Balneário Camboriú. Há 13 anos me desvinculei desse sistema podre de manipulação e controle de pessoas que nada tem a ver com o Reino de Deus. Vergonha! É o que eu sinto, além de muito arrependimento – disse ela.
ENTENDA
O Ministério Público de Santa Catarina instaurou, na última terça-feira (21), uma notícia para apurar uma denúncia contra um instituto que seria ligado à Igreja Bola de Neve da cidade catarinense de Balneário Camboriú. A medida foi tomada após acusações feitas por um ex-membro da denominação.
No procedimento, é informado que apuração foi aberta em razão da divulgação de “notícias de possível malversação de recursos públicos pela Organização da Sociedade Civil Árvore da Vida (Casa das Anas) e pelo Instituto para Empreendedoras (IPE)”.
Nesta quarta-feira (22), a Igreja Bola de Neve de Balneário Camboriú emitiu uma nota de esclarecimento sobre o caso, assinada pelos pastores Natanael e Ana Paixão, líderes da instituição. Segundo o comunicado, a entidade atua “em algumas frentes” que não possuem qualquer relação com o ministério.
Ainda de acordo com a igreja, o Instituto para Empreendedoras não chegou a ser formalizado, mas segue atuando com treinamento e auxílio de mulheres. Os pastores disseram também nunca terem feito retiradas financeiras da entidade e que, pelo contrário, ofereceram seus nomes para viabilizar as atividades.