Cantor recebe 74 chicotadas por canção contra véu islâmico
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Publicado em 06/03/2025

O cantor iraniano Mehdi Yarrahi recebeu 74 chicotadas, nesta quarta-feira (5), como parte de sua sentença por ter criado uma canção que pedia às mulheres para tirarem o véu islâmico durante os protestos de 2022 no país.

 

– Hoje, 5 de março de 2025, a última parte da sentença emitida pela Seção 26 do Tribunal Revolucionário Islâmico de Teerã, de 74 chicotadas, foi executada na íntegra – escreveu na rede social X (ex-Twitter) a advogada do artista, Zahra Minuei.

A advogada disse que, com a execução da pena, o caso contra Yarrahi foi encerrado.

Yarrahi foi condenado no início de janeiro de 2024 a dois anos e oito meses de prisão, dos quais deveria cumprir pelo menos um ano, e 74 chicotadas por “publicar uma canção ilegal que desafia os costumes e a moral de uma sociedade islâmica”.

Em fevereiro, a sentença foi comutada para monitoramento (com tornozeleira eletrônica e restrição de movimento em um raio de mil metros), devido ao seu estado de saúde e para receber cuidados médicos.

Depois de cumprir sua sentença de um ano em janeiro, Yarrahi disse que estava preparado para receber as 74 chicotadas, embora as considerasse uma tortura.

– Estou pronto para suportar a sentença e, embora condene essa tortura desumana, não tenho nenhum pedido para que seja anulada – escreveu o artista nas redes sociais.

 

A música que levou o artista à prisão é Roosarito, que significa seu véu em persa, e nela convida as mulheres iranianas a removerem o hijab e mostrar seu apoio aos protestos que abalaram o país em 2022.

O vídeo da música mostra mulheres sem véu dançando ao som de mulher, vida, liberdade, o slogan dos protestos provocados pela morte da jovem Mahsa Amini depois que foi presa pela chamada Polícia da Moralidade do Irã por não usar o véu islâmico corretamente.

A morte da jovem desencadeou fortes protestos, que durante meses pediram o fim da República Islâmica e que diminuíram após uma forte repressão que resultou em 500 mortes e milhares de prisões.

Além de Yarrahi, outros artistas também foram condenados à prisão, incluindo o rapper Toomaj Salehi, que foi libertado em 1º de dezembro de 2024 após cumprir um ano de prisão depois de a Suprema Corte iraniana anular sua sentença de morte, também por apoiar os protestos.

 

*EFE

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