Durante o programa Domingão com Huck, na TV Globo, neste domingo (2), o apresentador Luciano Huck dedicou parte do encerramento da atração para comentar a megaoperação realizada no Rio de Janeiro, que resultou em mais de 120 mortes nos complexos do Alemão e da Penha. Em um discurso de cerca de três minutos e meio, Huck criticou o modelo de segurança pública adotado no estado.
– E é uma tristeza ver o mesmo modelo de segurança pública se repetindo há décadas sem nenhum resultado. Quantas vezes eu já não parei um programa de televisão aqui na TV Globo para falar desse assunto? 120 mortos numa operação policial nos complexos do Alemão e da Penha. Por trás desse número tem 120 mães que enterraram seus filhos – declarou.
Huck afirmou que o combate ao narcotráfico deve ocorrer “com força total”, mas ressaltou que é necessário mais do que ações policiais.
– É preciso gerar oportunidade. Dar perspectiva para quem nasce nesses recortes da cidade do Rio de Janeiro. Oferecer boas referências, abrir caminhos, mostrar que existem outros futuros possíveis. Porque, quando o Estado se ausenta, outro poder ocupa esse lugar. E é justamente isso que precisa mudar – disse.
O apresentador também disse que a maior parte dos moradores das comunidades é refém da violência, e não cúmplice dela.
– Quem lucra de verdade com a criminalidade não está no Complexo do Alemão e nem na Penha. Aqueles fuzis, aqueles drones, aquelas armas de guerra não foram fabricados ali e não chegaram ali sozinhos – apontou.
Huck relatou ainda ter conversado com os filhos sobre o tema durante a semana e defendeu que a mudança é possível, citando exemplos internacionais.
– Em muitos lugares do mundo, com realidades muito parecidas, isto já aconteceu. Colômbia, aqui do lado. Medellín deixou de ser, de ter o título da cidade mais violenta do mundo nos anos 90. Década de 80, Nova Iorque tinha esse mesmo título. Hoje é uma das cidades mais seguras do mundo e mais visitadas do planeta – afirmou.
Ao final, o apresentador se dirigiu às famílias dos policiais mortos durante a operação e reafirmou seu apoio à “boa polícia”.
– Eu acredito na polícia pelos seus melhores exemplos e não pelas suas exceções. Os quatro policiais mortos em combate saíram de casa pra trabalhar e não voltaram. Essa também é uma parte devastadora dessa história. Eu espero que no futuro a gente não precise mais falar sobre isso desta forma. Nós, brasileiros, queremos paz e segurança – completou.